Não existe nada que teste mais a paciência de um baiano do que uma greve de ônibus. Quem vive em Salvador já está acostumado com o sobe e desce das ladeiras, com o calor intenso que derrete até pensamento, e com a possibilidade sempre presente de uma paralisação no transporte público. Mas a greve que começou em 3 de fevereiro de 2024 foi além de qualquer limite de resistência – foram 17 dias de caos urbano que transformaram minha rotina e, ironicamente, me apresentaram ao Bet7k, uma plataforma que acabaria mudando minha relação com entretenimento online.
Me chamo Gabriel, tenho 29 anos, sou professor de história em duas escolas particulares no centro de Salvador. Normalmente, minha rotina envolve pegar dois ônibus diferentes para chegar à primeira escola às 7h da manhã, dar aulas até o meio-dia, almoçar rapidamente em algum self-service próximo, e seguir para a segunda escola, onde leciono das 13h30 às 17h. Um dia normal, com transporte funcionando perfeitamente, já era cansativo. Com a greve, tornou-se quase impossível.
No segundo dia da paralisação, após gastar R$78 em aplicativos de transporte apenas para chegar à primeira escola (um valor que representava quase 10% do que eu ganhava por dia de trabalho), decidi que precisava me adaptar. A direção das escolas, compreendendo a situação, permitiu que alguns professores dessem aulas remotamente. E assim me vi, pela primeira vez em três anos desde o fim da pandemia, novamente lecionando do meu pequeno apartamento no bairro da Graça.
As aulas remotas, por mais desafiadoras que fossem, tinham uma vantagem clara: economizava-se o tempo de deslocamento. Duas horas e meia que antes eu gastava em ônibus lotados ou em caminhadas sob o sol escaldante agora estavam livres no meu dia. No início, usei esse tempo para preparar melhor as aulas, corrigir provas atrasadas e até mesmo começar a ler aquele livro sobre a Revolta dos Malês que havia comprado há meses.
Mas após uma semana de greve, com as aulas preparadas com antecedência e as correções em dia, comecei a sentir falta de alguma distração que não fosse relacionada ao trabalho. Foi quando recebi uma mensagem de Mateus, um amigo de infância que havia se mudado para o Rio de Janeiro anos atrás.
“E aí, professor! Tá sobrevivendo à greve? Tô vendo no jornal que Salvador tá um caos. Se quiser uma dica pra passar o tempo sem gastar muito, dá uma olhada no Bet7k. Comecei a usar mês passado e tá sendo uma diversão barata nos intervalos do trabalho.”
Nunca fui muito chegado a apostas ou jogos de azar. Meu pai, seu Valdir, funcionário aposentado da Petrobras, sempre repetia que “jogo é coisa de quem não tem o que fazer com o dinheiro”. E, como professor da rede privada ganhando modestamente, eu definitivamente tinha coisas para fazer com meu dinheiro. Ainda assim, por curiosidade, decidi dar uma olhada no site que Mateus havia indicado.
A página inicial do Bet7k me surpreendeu positivamente. Esperava algo visualmente poluído, cheio de propagandas piscantes e promoções gritantes – o estereótipo que tinha de sites de apostas. Em vez disso, encontrei uma interface limpa, organizada por categorias claras, e com um design que se adaptou perfeitamente ao meu notebook de cinco anos com tela pequena.
Por curiosidade, criei uma conta usando meu e-mail pessoal. O processo foi surpreendentemente rápido, sem exigir documentos ou verificações complexas naquele momento inicial. Navegando pelo site, encontrei uma categoria de jogos chamada “Crash Games” que parecia simples o suficiente para um iniciante como eu: basicamente apostava-se em um multiplicador antes que um gráfico “quebrasse” (daí o nome “crash”).
Decidi que poderia arriscar um valor pequeno – R$20, aproximadamente o que eu gastaria em um lanche após as aulas em tempos normais – apenas para entender como funcionava. Fiz um depósito via PIX, que para minha surpresa foi processado instantaneamente, e entrei na sala do jogo “Aviator”, o mais popular da categoria crash.
O conceito era simples: um avião decolava e um multiplicador ia aumentando gradualmente – quanto mais tempo o avião ficasse no ar, maior o multiplicador. O desafio era retirar o valor antes que o avião “voasse para longe” (crash). Comecei fazendo apostas mínimas de R$2, apenas observando a dinâmica do jogo.
Foi durante uma dessas rodadas que notei o chat ao lado da tela de jogo. Diferente das redes sociais onde pessoas de todo o Brasil e do mundo se misturam, ali parecia haver vários jogadores de Salvador, muitos comentando sobre a greve de ônibus. Uma mensagem em particular chamou minha atenção:
“Alguém aqui da região do Cabula? Tô precisando de carona amanhã até o Shopping Barra. Divido a gasolina + uma cerveja gelada!”
Não era do Cabula, mas a coincidência de encontrar conterrâneos discutindo a mesma situação que eu enfrentava me fez responder:
“Sou da Graça, mas estou na mesma situação. Segunda greve de ônibus que pego nos últimos três anos. Tô dando aula online e usando o Bet7k nos intervalos pra distrair.”
Em poucos minutos, estava conversando com Luísa, fisioterapeuta de 34 anos que trabalhava em uma clínica no Barra e estava tendo que improvisar meios de transporte desde o início da paralisação. “Esse joguinho virou minha válvula de escape depois de um dia de trabalho e 1h30 de engarrafamento para voltar para casa”, comentou ela. “Jogo sempre com um limite de R$30 por dia, às vezes ganho, às vezes perco, mas pelo menos me distraio do caos da cidade.”
Continuamos jogando e conversando, e logo descobri que havia vários soteropolitanos naquela mesma sala, todos utilizando o Bet7k como forma de passar o tempo durante a greve. Carlos, motorista de aplicativo de 41 anos, estava faturando três vezes mais que o normal com a paralisação, e dedicava sua pausa de almoço a algumas rodadas no site. Juliana, estudante de direito de 25 anos, estava atolada em trabalhos acadêmicos mas precisava de “intervalos mentais”, como ela chamava suas sessões de 20 minutos no Bet7k.
Daquela conversa casual, surgiu a ideia de criarmos um grupo no WhatsApp chamado “Bet7k Salvador em Greve”. O que começou com quatro pessoas logo cresceu para 17 participantes, todos de diferentes bairros da capital baiana, compartilhando não apenas dicas sobre jogos, mas também informações valiosas sobre rotas alternativas, caronas disponíveis e até mesmo atualizações sobre as negociações entre sindicatos e empresas de ônibus.
O grupo rapidamente se tornou mais útil que os próprios canais oficiais de notícias. Quando o terminal da Lapa reabriu parcialmente no sétimo dia de greve, soubemos através de Carlos, que havia passado pelo local. Quando algumas linhas específicas voltaram a circular no décimo dia, Juliana, que morava próxima à garagem de uma das empresas, nos avisou antes mesmo que a informação chegasse aos jornais locais.
E, claro, entre uma informação útil e outra, compartilhávamos nossas experiências no Bet7k. Foi através das dicas de Luísa que descobri o Fortune Tiger, um jogo de caça-níqueis com temática oriental que se tornaria meu favorito. “Jogo sempre às 22h13, meu horário da sorte”, ela dizia, sem nenhuma base estatística, mas com a convicção típica de quem confia em superstições para domar o acaso.
Para minha surpresa, o Bet7k oferecia muito mais que apostas. Havia torneios diários com entradas gratuitas ou de baixo custo, promoções específicas para determinados horários, e até mesmo uma seção de apostas esportivas que logo atrairia a atenção dos torcedores do Bahia e do Vitória no nosso grupo.
Minha relação com o Bet7k permaneceu relativamente contida durante as primeiras duas semanas. Mantive meu limite diário em R$30, às vezes perdia tudo em meia hora, às vezes terminava o dia com pequenos lucros de R$40 ou R$50. Mas no 14º dia da greve, algo inusitado aconteceu.
Estava jogando Fortune Tiger com apostas de R$2 por rodada quando acertei uma combinação que ativou o bônus máximo do jogo. Em questão de segundos, minha aposta se multiplicou 170 vezes, resultando em um ganho inesperado de R$340. Era mais do que eu havia depositado em toda minha experiência na plataforma até então.
Compartilhei a novidade no grupo, que explodiu em comemorações virtuais. Carlos sugeriu imediatamente: “Vamos celebrar isso quando a greve acabar! Uma cervejada no Rio Vermelho, por minha conta o petisco, por conta do Gabriel as bebidas!”
A proposta foi unanimemente aprovada, e decidimos que, independentemente de quando a greve terminasse, nos encontraríamos no primeiro sábado após o fim da paralisação. Seria a primeira vez que veríamos pessoalmente aquelas pessoas com quem vínhamos compartilhando frustrações, informações e agora pequenas vitórias no Bet7k.
Retirei R$200 dos meus ganhos, deixando o restante na plataforma para continuar jogando. O processo de saque foi surpreendentemente fácil e rápido – solicitei a transferência via PIX às 19h43, e às 20h09 o dinheiro já estava na minha conta bancária. Essa eficiência aumentou consideravelmente minha confiança na plataforma.
Finalmente, no 17º dia, a greve chegou ao fim após um acordo entre o sindicato dos rodoviários e as empresas de transporte. A notícia chegou primeiro pelo nosso grupo de WhatsApp – Juliana havia captado a informação diretamente de um primo que trabalhava como motorista. Apenas duas horas depois a confirmação veio pelos canais oficiais.
No sábado seguinte, conforme combinado, nos encontramos em um bar chamado “Boteco do Farol” no Rio Vermelho. O encontro tinha um clima curioso de reencontro, mesmo sendo a primeira vez que nos víamos pessoalmente. Reconheci imediatamente Carlos pela voz grave e o sotaque carregado do Subúrbio Ferroviário; Luísa pela risada característica que tantas vezes havia escutado em áudios de WhatsApp; Juliana pelo cabelo crespo volumoso que aparecia parcialmente em sua foto de perfil.
“Então esse é o professor que ganhou a bolada no Fortune Tiger!” brincou Carlos, pedindo imediatamente uma rodada de cerveja para todos. “Vamos ver se a sorte dele é tão boa no mundo real quanto no Bet7k!”
A noite fluiu com uma naturalidade surpreendente. Falamos sobre a greve, claro, mas também sobre nossas vidas, trabalhos, sonhos e planos. Em determinado momento, entre a segunda e terceira cerveja, Luísa sugeriu algo que mudaria nossa dinâmica daí em diante:
“E se mantivermos nosso grupo, mas com um propósito diferente? Em vez de apenas jogar individualmente no Bet7k, poderíamos criar um ‘fundo coletivo’. Cada um contribui com R$20 por semana, e decidimos juntos onde apostar. Se ganharmos, dividimos igualmente; se perdermos, a perda também é compartilhada.”
A ideia foi recebida com entusiasmo. Estabelecemos algumas regras básicas: o dinheiro seria gerenciado em uma conta específica do Bet7k criada para esse fim, administrada por Juliana (escolhida por consenso, dado seu conhecimento jurídico para formalizar nosso pequeno “contrato social”); faríamos apostas apenas uma vez por semana, sempre aos domingos à noite; e o valor máximo seria sempre os R$20 por pessoa, sem exceções ou “aportes extras” mesmo em caso de perdas consecutivas.
Nas semanas seguintes, nosso grupo que havia nascido da necessidade durante a greve se transformou em um ponto de encontro virtual permanente. Todo domingo, às 20h, nos reuníamos em uma videochamada para decidir democraticamente nossas apostas da semana no Bet7k.
O ritual tinha algo de peculiarmente baiano em seu funcionamento. Começávamos sempre com uma atualização rápida da semana de cada um – os novos projetos de Luísa na clínica, as histórias curiosas de passageiros que Carlos transportava, as descobertas históricas que eu compartilhava das minhas pesquisas para as aulas, os avanços de Juliana em seu TCC sobre direito urbanístico.
Em seguida, vinha o momento “técnico”: cada um apresentava sua sugestão de aposta para a semana, com argumentos que variavam do puramente supersticioso (“Minha avó sonhou com um tigre, então Fortune Tiger é o jogo da vez”) até o mais “científico” (“Analisei os padrões das últimas semanas e o Mines está pagando melhor nas configurações 3×3”).
Depois de vinte minutos de debates frequentemente acalorados, votávamos na proposta vencedora. Juliana então fazia a aposta em tempo real, compartilhando sua tela para que todos pudéssemos acompanhar. Os momentos de expectativa enquanto o jogo se desenrolava eram acompanhados de gritos, rezas improvisadas, promessas a santos diversos e ocasionalmente até ameaças cômicas ao algoritmo do Bet7k.
Nosso desempenho financeiro era, na melhor das hipóteses, mediano. Em dois meses de apostas semanais, tínhamos um saldo ligeiramente negativo de R$60 no total – o equivalente a menos de R$4 por pessoa. Mas o valor real daqueles encontros dominicais ia muito além do dinheiro.
O que começou como um grupo de 17 pessoas logo cresceu para 23, depois 31, à medida que amigos de amigos pediam para entrar. Mantivemos a regra dos R$20 semanais, mas começamos a diversificar nossas apostas: uma parte ia para jogos de cassino no Bet7k, outra para apostas esportivas, especialmente quando o Bahia ou o Vitória jogavam.
Curiosamente, nosso desempenho nas apostas esportivas era consistentemente melhor que nos jogos de cassino. Carlos, que acompanhava futebol religiosamente, tinha um talento especial para prever resultados de times baianos. “Conheço a zaga do Bahia melhor que minha própria família”, brincava ele, depois de acertar o placar exato de Bahia 2 x 1 Fluminense, multiplicando nossa aposta coletiva por 7.5.
Foi justamente após essa vitória significativa que decidimos usar parte dos ganhos para algo diferente. Em vez de simplesmente dividir o valor (que seria aproximadamente R$44 por pessoa), propus que usássemos o dinheiro para uma ação social. A sugestão foi aprovada por unanimidade, e decidimos comprar material escolar para uma escola pública no bairro de Luísa, que enfrentava dificuldades após as fortes chuvas de março.
A entrega dos materiais foi um momento especial. Juliana sugeriu que aproveitássemos a oportunidade para falar sobre educação financeira com os alunos do 9º ano – não para promover apostas, obviamente, mas para discutir conceitos de planejamento, poupança e investimentos. Como professor, organizei um plano de aula improvisado, e nove de nós passamos uma tarde de sábado na escola, conversando com adolescentes sobre dinheiro, escolhas e futuro.
Para nossa surpresa, a ação repercutiu mais do que esperávamos. Um jornalista do jornal local “A Tarde” estava na escola cobrindo outra pauta e acabou nos entrevistando. No dia seguinte, havia uma pequena nota na seção de comunidade: “Grupo formado durante greve de ônibus usa ganhos de apostas online para ação social em escola municipal”.
O mais surpreendente veio depois: a equipe do Bet7k nos contatou através de Juliana, cuja conta administrava nosso “fundo”. Eles haviam visto a matéria e queriam saber mais sobre nossa iniciativa. Após uma videochamada com um representante de marketing da plataforma, recebemos uma proposta interessante: eles dobrariam qualquer valor que arrecadássemos para ações sociais similares nos próximos três meses, com um limite de R$5.000.
Hoje, cinco meses após o fim da greve de ônibus que iniciou toda essa história, nosso grupo não apenas sobrevive como prosperou de maneiras que nenhum de nós poderia imaginar. Da necessidade prática de compartilhar informações sobre o caos no transporte público, surgiu uma comunidade genuína de amizades, apoio mútuo e até mesmo impacto social.
O Bet7k continua sendo o ponto de convergência de nossas interações, mas seu papel evoluiu. Da simples plataforma de apostas que nos uniu inicialmente, tornou-se o patrocinador involuntário de nossas iniciativas sociais, que já incluem três escolas públicas, uma creche comunitária no Subúrbio Ferroviário e um abrigo para idosos em Itapuã.
Em termos pessoais, minha relação com jogos online também se transformou. O que começou como uma distração durante um período difícil se tornou um hobby controlado e consciente. Mantenho meu limite semanal rigorosamente e, mais importante, encontrei um equilíbrio onde o Bet7k é uma fonte de entretenimento, não uma busca por ganhos financeiros significativos.
A plataforma em si também evoluiu nos últimos meses. A interface, que já era intuitiva quando comecei, passou por atualizações que tornaram a navegação ainda mais fluida. Novos jogos foram adicionados, e as promoções se tornaram mais criativas – particularmente aprecio os torneios temáticos relacionados a datas e eventos brasileiros, como as competições especiais durante o São João, uma celebração particularmente importante na Bahia.
Uma característica que descobri recentemente foi a possibilidade de configurar lembretes de “tempo de jogo” – a cada 30 minutos conectado, o sistema pergunta discretamente se você deseja continuar, um recurso simples mas eficaz para manter o controle sobre o tempo dedicado à plataforma.
Em nossa última reunião presencial, agora realizadas mensalmente em diferentes pontos de Salvador, Carlos fez uma observação que resumiu perfeitamente nossa jornada coletiva:
“É engraçado como algo que começou com a cidade parada acabou nos colocando em movimento. Quem diria que o Bet7k seria a desculpa perfeita para fazermos amizades verdadeiras e até mesmo um pouco de diferença na vida de outras pessoas?”
E assim, o que poderia ter sido apenas mais uma greve frustrante na memória coletiva dos soteropolitanos se transformou, pelo menos para nosso pequeno grupo, no início de algo significativo e duradouro. Através do Bet7k, encontramos não apenas uma plataforma de entretenimento, mas um ponto de encontro que transcendeu o virtual e se materializou em amizades reais e impacto tangível em nossa comunidade.
Enquanto escrevo este relato, recebo uma notificação: Luísa acaba de enviar uma mensagem no grupo lembrando que hoje é noite de aposta coletiva. O jogo escolhido para esta semana? Aviator – voltando às origens que iniciaram tudo. E dessa vez, se ganharmos, o valor já tem destino: materiais esportivos para a associação de moradores do bairro de Carlos, que está organizando um campeonato de futsal para jovens.
A greve de ônibus acabou há muito tempo, os ônibus voltaram a circular normalmente pelas ladeiras de Salvador, mas o Bet7k continua sendo nossa parada obrigatória aos domingos à noite – não mais por necessidade, mas por escolha e pelo prazer de manter viva uma conexão que nasceu das circunstâncias mais improváveis.