Nunca fui muito chegado em apostas online. Para mim, engenheiro civil de 36 anos acostumado a calcular riscos estruturais com precisão milimétrica, a ideia de arriscar dinheiro em jogos de azar sempre soou contraditória à minha natureza metódica. Isso até julho de 2024, quando uma viagem de pesca ao Pantanal mato-grossense, uma tempestade inesperada e um amigo bem-humorado me apresentaram ao Mr Jack Bet – uma plataforma que, ironicamente, acabou “salvando” o que poderia ter sido a pior viagem da minha vida.
A aventura começou a ser planejada quatro meses antes, quando meu grupo de amigos da faculdade – todos agora na casa dos 30 e espalhados pelo Brasil – decidiu que precisávamos de uma “escapada masculina” para celebrar os 15 anos de nossa formatura em Engenharia na UFMG. Rogério, que se mudara para Cuiabá há cinco anos para trabalhar em projetos de infraestrutura, sugeriu uma semana de pesca no Pantanal. “Vocês não têm ideia do paraíso que é isso aqui, caras. Peixe praticamente pula no barco!”
Com a empolgação típica de homens urbanos fantasiando sobre “sobreviver na natureza”, fizemos reservas na Pousada Rio Dourado, um estabelecimento modesto mas bem avaliado às margens do Rio Cuiabá, a aproximadamente 120 km da capital mato-grossense. Éramos seis no total: eu, Rogério (o anfitrião local), Marcelo (dentista em Belo Horizonte), Eduardo (professor universitário em São Paulo), Felipe (arquiteto no Rio) e André (administrador de empresas em Brasília).
Nosso encontro em Cuiabá, em 12 de julho de 2024, já começou com um pequeno contratempo. A temperatura de 38°C às 10h23 da manhã nos recebeu como um tapa na cara quando saímos do ar-condicionado do aeroporto. Enquanto aguardávamos o último do grupo (André, cujo voo de Brasília atrasou 40 minutos), Rogério nos tranquilizou: “Relaxem, o calor seco daqui vocês se acostumam rápido. É diferente do abafado do Rio ou BH.”
O trajeto até a pousada foi feito em uma van alugada, conduzida pelo próprio Rogério, que fazia questão de parar a cada 15 minutos para nos mostrar alguma peculiaridade da paisagem pantaneira. “Olha ali, uma família de capivaras!”, ou “Aquele arbusto florescendo só acontece nesta época do ano!”. Para seis engenheiros empolgados com a ideia de finalmente pescar os dourados e pintados que tantas vezes havíamos visto em programas de TV, aquelas paradas estavam se tornando excessivas, mas ninguém tinha coragem de frustrar o entusiasmo de nosso anfitrião.
Chegamos à Pousada Rio Dourado por volta das 15h. O lugar era mais rústico do que as fotos do site sugeriam – um conjunto de cinco chalés de madeira, um refeitório comunitário e um pequeno deck para barcos. O proprietário, Seu Gilson, um pantaneiro de aproximadamente 65 anos com pele curtida pelo sol e uma cordialidade genuína, nos recebeu com um sorriso largo: “Sejam bem-vindos! O rio tá alto, sinal de boa pesca.”
Foi enquanto fazíamos o check-in que notei a primeira bandeira vermelha: o sinal de celular oscilava entre uma e nenhuma barra. E o Wi-Fi? “Tivemos um probleminha com o roteador na semana passada”, explicou Seu Gilson com uma tranquilidade desproporcional à gravidade do fato. “O técnico só vem na terça-feira. Mas é bom, né? Vocês vieram pescar, não ficar no celular!”, completou, com uma risada que nenhum de nós conseguiu acompanhar com sinceridade.
Tentamos manter o otimismo. Afinal, estávamos lá para nos reconectar – entre nós e com a natureza. No primeiro dia, acordamos às 5h30, conforme sugerido por Zeca, nosso guia de pesca designado pela pousada. Um homem de poucas palavras, mas conhecimento enciclopédico sobre o Pantanal, Zeca nos levou para um trecho do rio que, segundo ele, era “garantia de peixe bom”.
E ele estava certo. Até o meio-dia, havíamos fisgado quatro dourados de tamanho respeitável e um pintado que Eduardo lutou por quase 20 minutos para trazer à superfície. O almoço, preparado por Zeca na margem do rio (uma caldeirada de pintado com mandioca que beirava o divino), elevou ainda mais nosso ânimo. “Isso sim é vida”, declarou Marcelo, enquanto servia sua segunda tigela. “Deveríamos fazer isso todo ano.”
O problema começou durante o retorno à pousada. Um aglomerado de nuvens escuras que observávamos à distância há algum tempo agora avançava rapidamente em nossa direção. “Tempestade chegando. E das grandes”, informou Zeca laconicamente, aumentando a velocidade do barco.
Não conseguimos vencer a corrida. A aproximadamente 3 km da pousada, fomos atingidos por uma chuva torrencial, acompanhada de ventos fortes e trovões que pareciam rachar o céu. Zeca, demonstrando perícia impressionante, conseguiu atracar o barco em um pequeno ancoradouro pertencente a uma fazenda vizinha.
“Vamos ter que esperar aqui. Com esse vento e raios, não é seguro seguir no rio”, explicou ele, enquanto nos abrigávamos em uma espécie de galpão aberto na margem.
A espera de 40 minutos se transformou em duas horas, depois três. A chuva não apenas persistia, mas parecia intensificar-se. Por volta das 17h, Zeca conseguiu contato via rádio com a pousada. As notícias não eram boas: a tempestade havia derrubado algumas árvores na estrada de acesso, e uma parte do telhado do refeitório sofrera danos. Além disso, o gerador auxiliar não estava funcionando, o que significava que estavam sem energia elétrica.
“Melhor vocês passarem a noite aqui na Fazenda Ipê”, sugeriu Zeca. “Conheço o administrador, ele não vai se importar. Amanhã cedo, com a luz do dia, vemos como está a situação.”
A Fazenda Ipê, uma propriedade dedicada principalmente à pecuária, tinha uma casa-sede simples mas confortável. O administrador, Teodoro, um goiano falante na casa dos 50 anos, nos ofereceu quartos de hóspedes e assegurou que poderíamos usar o gerador da fazenda até as 22h – “depois disso, é vela ou lanterna, amigos”.
Após um jantar improvisado mas satisfatório (arroz, feijão e uma carne seca que Teodoro afirmou ser “do boi premiado da fazenda”), nos vimos enfrentando o maior inimigo de homens urbanos isolados no campo: o tédio noturno. Sem televisão, com celulares praticamente inúteis devido à falta de sinal, e cansados demais para iniciar uma rodada de cartas ou dominó, estávamos cada um em seu canto da sala ampla, examinando estantes de livros antigos ou admirando os troféus de rodeio expostos.
Foi neste cenário que André, sempre o mais tecnológico do grupo, soltou uma exclamação de surpresa: “Caramba, achei uma barra de sinal aqui neste canto! Fraquinha, mas está funcionando!”
Como formigas atraídas por açúcar, todos nos movemos rapidamente para o “canto mágico” – um espaço de aproximadamente dois metros quadrados próximo a uma janela, onde, de fato, nossos celulares mostravam uma tímida mas preciosa barra de sinal.
“Isso não vai servir para muito”, comentou Eduardo, após várias tentativas frustradas de carregar seu email. “A conexão está lentíssima.”
Foi então que André, com um sorriso maroto, anunciou: “Tenho algo que pode funcionar mesmo com sinal fraco. Vocês conhecem o Mr Jack Bet?”
Nenhum de nós havia ouvido falar. André então explicou que havia descoberto esse aplicativo de apostas online duas semanas antes, durante uma viagem de trabalho a João Pessoa. “É muito leve, cara. Funciona até com internet ruim. E tem vários jogos simples que não precisam de muita banda.”
Curiosos e sem muitas opções de entretenimento, decidimos que valeria a pena tentar. Um por um, seguindo as instruções de André, baixamos o aplicativo – um processo que, surpreendentemente, funcionou mesmo com aquela conexão precária.
O Mr Jack Bet tinha uma interface simples e intuitiva, com cores vibrantes que se destacavam na penumbra da sala iluminada parcialmente pelo gerador. O cadastro foi rápido: informações básicas, um e-mail para verificação (que demoraria a chegar, dada a conexão, mas não impedia o uso inicial do app) e pronto.
“Comecem com apostas pequenas, só pela diversão”, aconselhou André, que claramente já era um usuário experiente. “Eu geralmente não coloco mais que R$50 por semana.”
Logo estávamos todos absortos, cada um em seu celular, explorando os diferentes jogos disponíveis. O Fortune Tiger parecia ser o favorito geral – um caça-níqueis com temática asiática onde símbolos de tigres podiam gerar multiplicadores impressionantes. Mas havia também o Aviator (onde um avião decolava e o multiplicador aumentava até que você decidisse “sacar” ou o avião “explodisse”) e o Mines (um jogo de estratégia onde se devia encontrar gemas evitando bombas).
A limitação da internet acabou criando uma dinâmica curiosa: fazíamos rodízio no “canto mágico”, dois de cada vez, enquanto os outros aguardavam sua vez observando os jogos dos colegas e comentando as estratégias.
“Você saca muito cedo no Aviator”, criticava Eduardo a Felipe, que consistentemente optava por multiplicadores baixos mas seguros.
“Pelo menos não perco tudo como você, que sempre acha que o avião vai subir mais”, rebatia Felipe, rindo da cautela excessiva do professor universitário em sala de aula que se transformava em apostador ousado no mundo digital.
Por volta das 21h, quando o gerador estava prestes a ser desligado conforme o aviso de Teodoro, Rogério teve a ideia que transformaria nossa noite: “E se fizermos uma competição? Cada um aposta R$20 no jogo que preferir. Quem transformar isso no maior valor até o gerador desligar ganha… hum… ganha o direito de ficar com o quarto individual amanhã quando voltarmos à pousada!”
A proposta foi recebida com entusiasmo geral. Todos fizemos um depósito inicial via PIX – outra surpresa positiva foi descobrir que o Mr Jack Bet processava os pagamentos mesmo com aquela conexão instável – e a competição começou oficialmente às 21h12.
O ambiente na sala se transformou. De tediosa, a noite passou a ser eletrizante. Cada pequena vitória era comemorada com exagero, cada derrota lamentada dramaticamente. Teodoro chegou a verificar o que estava acontecendo, atraído pelos gritos ocasionais, e acabou ficando para assistir, claramente entretido com aqueles “doutores da cidade” tão empolgados com um aplicativo.
Foi às 21h47, com apenas 13 minutos restantes antes do fim do prazo, que tive minha grande virada. Após experimentar sem muito sucesso o Fortune Tiger e o Aviator, decidi tentar o Mines, um jogo que exigia mais estratégia e menos sorte pura. Com uma aposta de R$10 (metade do meu saldo restante), consegui uma sequência impressionante de 8 gemas sem acertar uma única bomba, multiplicando minha aposta em 6.2x.
Quando o gerador desligou pontualmente às 22h, mergulhando-nos na escuridão até que Teodoro acendesse algumas velas, o vencedor foi anunciado: eu havia transformado meus R$20 iniciais em R$68, superando André (o segundo colocado com R$42) e garantindo o cobiçado quarto individual para o dia seguinte.
Na manhã seguinte, a tempestade havia dado lugar a um céu excepcionalmente azul, como se quisesse compensar pelo caos da véspera. Zeca nos levou de volta à pousada por volta das 8h, onde encontramos Seu Gilson e dois funcionários ainda trabalhando nos reparos do telhado do refeitório.
“Foi feio, hein?”, comentou Seu Gilson, apontando para galhos caídos e poças enormes que pontilhavam o terreno da pousada. “Mas já consertamos o essencial. Energia já voltou, e o almoço vai sair no horário.”
Apesar dos estragos, a pousada estava operacional, e nossos quartos estavam intactos – incluindo o individual que agora era legitimamente meu. A programação do dia seria alterada: em vez de pescar, ajudaríamos na limpeza da propriedade durante a manhã, e à tarde faríamos um passeio terrestre para observação de fauna com outro guia local.
Mas o que mais nos interessava naquele momento era verificar se o “canto mágico” da Fazenda Ipê tinha algum equivalente na pousada. Para nossa alegria, descobrimos que o deck dos barcos, especificamente a extremidade esquerda, oferecia sinal suficiente para acessar o Mr Jack Bet – não ideal, mas funcional.
Assim nasceu nosso ritual noturno para o restante da viagem. Após o jantar, nos reuníamos no deck – às vezes equipados com repelente e lanternas quando os mosquitos estavam particularmente agressivos – para algumas rodadas no Mr Jack Bet. A competição da primeira noite evoluiu para um torneio informal com regras cada vez mais elaboradas, tabela de pontuação mantida por Eduardo (sempre o professor) e até mesmo um pequeno troféu improvisado com um galho seco e linha de pesca que seria entregue ao campeão geral no final da semana.
Seu Gilson e os outros hóspedes da pousada (um casal de idosos de Goiânia e uma família de São Paulo) observavam nossa nova tradição com uma mistura de curiosidade e divertimento. “Vocês vêm ao Pantanal pra ficar olhando celular?”, provocou Seu Gilson certa noite, ao que Rogério prontamente respondeu: “A gente veio pescar peixe de dia e dinheiro de noite!”.
Na penúltima noite de nossa estadia, quando o torneio já apontava André como provável campeão (ele mantinha uma liderança consistente, probando que experiência no aplicativo realmente fazia diferença), tive o que só posso descrever como um momento de sorte extraordinária.
Optei pelo Fortune Tiger, apostando R$15 – um valor acima do que normalmente arriscaria, mas justificado pela “pressão do campeonato”. Após algumas rodadas medianas, aconteceu: três símbolos especiais de tigre dourado alinharam-se perfeitamente, ativando um bônus chamado “Tiger’s Claws” que eu nem sabia que existia. A tela do celular explodiu em animações coloridas, e quando os números pararam de girar, minha aposta havia se transformado em impressionantes R$237.
Os gritos de comemoração – meus e dos colegas – foram tão intensos que Seu Gilson veio correndo do refeitório, pensando que alguém havia caído na água. Quando expliquei o que havia acontecido, ele balançou a cabeça com um misto de divertimento e confusão: “Esse pessoal da cidade… vê só como ficam empolgados com esse negócio de joguinho!”
Aquela vitória não apenas garantiu minha ascensão dramática à liderança do torneio (posição que mantive até o final, para frustração cômica de André), mas também financiou um agrado para toda a equipe da pousada. No dia seguinte, último de nossa estadia, usei R$200 do meu ganho para comprar uma rodada de cerveja para todos – hóspedes, funcionários e guias – após o jantar de despedida.
“Ao Pantanal, às tempestades inesperadas, e ao Mr Jack Bet, que transformou um desastre em diversão!”, brindei, para aprovação geral, inclusive de Seu Gilson, que parecia ter finalmente entendido o estranho apego que desenvolvemos pelo aplicativo.
Quando retornamos às nossas respectivas cidades e rotinas, algo curioso aconteceu: o Mr Jack Bet permaneceu como um elo entre nós. Criamos um grupo no WhatsApp chamado “Pescadores do Mr Jack”, onde compartilhávamos não apenas nossos sucessos e fracassos nas apostas, mas também lembranças da viagem e planos para o próximo encontro.
André, sempre o mais antenado em tecnologia, descobriu que o Mr Jack Bet tinha um programa de indicação que dava bônus para quem trouxesse novos usuários. “Não é muito, mas dá pra tomar umas cervejas”, explicou ele, enquanto nos ajudava a cadastrar alguns amigos e colegas de trabalho interessados.
Para mim, que nunca fui de jogos de azar, o Mr Jack Bet se tornou uma pequena indulgência ocasional. Estabeleci regras claras: nunca mais que R$100 por mês, sempre com a mentalidade de entretenimento, nunca como tentativa de ganhar dinheiro sério. Na maior parte do tempo, jogava apenas nas sextas-feiras à noite, com uma cerveja ao lado – um pequeno ritual para marcar o fim da semana.
Três meses após nossa volta, tive outra sorte grande no Fortune Tiger: R$158 a partir de uma aposta de R$10. Imediatamente compartilhei o screenshot no grupo, recebendo uma enxurrada de parabéns dos colegas e uma mensagem particular de Rogério: “Essa é a parte em que você compra passagem pra Cuiabá de novo, né? Tem uma pescaria no Rio Paraguai mês que vem que vai ser sensacional…”
E assim, por mais estranho que pareça, um aplicativo de apostas descoberto durante uma tempestade no Pantanal acabou se tornando não apenas um passatempo ocasional, mas um pretexto para manter vivas amizades que a distância e a rotina poderiam facilmente diluir.
Na semana passada, enquanto jogava uma rodada rápida no Mr Jack Bet antes de dormir, notei algo que me fez sorrir: o aplicativo havia lançado um novo jogo chamado “Amazon Treasures”, com elementos visuais inspirados na fauna brasileira, incluindo um peixe dourado que lembrava bastante os que pescamos naqueles dias no Pantanal.
Fiz uma aposta de R$5 e consegui um retorno modesto de R$13,50. Mandei um screenshot para o grupo com a legenda: “Parece que o Pantanal continua dando sorte, mesmo à distância!”
A resposta de Marcelo resumiu perfeitamente o sentimento que todos compartilhávamos: “Não é sorte, é o Seu Gilson soprando boas energias pantaneiras no seu celular. Ele finalmente entendeu nosso ‘joguinho’!”
E talvez seja isso mesmo. Talvez cada vez que abro o Mr Jack Bet, não estou apenas buscando um pequeno momento de emoção através de uma aposta – estou, de alguma forma, me reconectando com aqueles dias no Pantanal, quando seis amigos transformaram um desastre natural em uma das experiências mais memoráveis de suas vidas adultas.